Vinhos e Harmonizações
Quando se fala em harmonização no mundo dos vinhos, basicamente pensamos em melhorar ainda mais o sabor do prato quando bem acompanhado, já que uma das atribuições da bebida é limpar as papilas gustativas e melhorar a experiência à mesa. A arte de combinar vinho e comida leva em conta muitas variantes como o tempero, o modo de preparo, o tipo de molho, entre outras. Por isso, não se pode dizer que somente um tipo de vinho seja indicado para churrasco, pois existem diferentes tipos de cortes bovinos, com características únicas.
Pensando em contribuir com opções de vinhos tintos que poderão aumentar a satisfação ao degustar aquela carne suculenta recém-saída da brasa, o consultor de vinhos Flávio Bin, preparou uma seleção de oito cortes de carnes e vinhos de diferentes regiões do Velho e Novo Mundo. Todas as sugestões foram pensadas para carnes assadas ou grelhadas na churrasqueira, baseadas no teor de gordura do corte e na intensidade do sabor. Lembrando que é importante retirar o excesso de sal grosso antes de servir, pois esse é um elemento que pode entrar em choque com os vinhos tintos que possuam mais taninos. Confira e bom apetite!
Picanha
Tradicionalmente uma carne macia, marmorizada e com uma capa de gordura. É fácil e rápida de preparar e deve-se manter a gordura para que o sabor e a maciez sejam acentuados. Um corte nobre que merece um vinho à altura. A sugestão de harmonização é o argentino Nieto Senetiner Malbec DOC, elaborado em Mendoza, que apresenta boa acidez e taninos macios. É um rótulo que amadureceu em barricas de carvalho francês por 12 meses e passou mais 6 meses em adega antes de ser comercializado.
Maminha
A maminha é a parte mais macia da alcatra, suculenta e com sabor suave. Será bem acompanhada pelo tinto italiano Caldora Yume Montepulciano d’Abruzzo DOC, elaborado na região de Abruzzo com a uva Montepulciano. Apresenta aromas frutados, com notas de flores secas e especiarias. Possui taninos abundantes, porém maios, que irão complementar a delicadeza do corte.
Filé-Mignon
Um dos cortes mais apreciados, o filé-mignon possui sabor adocicado e menos acentuado que o alcatra e o contrafilé, e sem gordura. Nada melhor do que um vinho francês sofisticado para acompanhar. Vamos de Le Clos de Reynon, tinto de Bordeaux, elaborado na Domaine Denis Dubourdieu. É um vinho de corpo leve para médio, com taninos macios que irão ressaltar a textura e os sabores dessa carne.
Contrafilé
Também muito macio, contém uma capa de gordura lateral que mantém a umidade da carne. Possui sabor acentuado e deve ser servido malpassada ou ao ponto. Para harmonizar, a dica é um espanhol da Rioja, o Marqués de Tomares Reserva. Um tinto espetacular que amadurece por 24 meses em barrica de carvalho americano e 24 meses em adega antes da comercialização. Elaborado com as uvas Tempranillo (80%), Graciano e Mazuelo, é encorpado, com taninos aveludados e excelente estrutura.
Alcatra
Esse é um dos cortes mais versáteis do boi. É magro (possui pouca gordura) e muito macio. Combina com o tinto Tons de Duorum, vinho elegante proveniente da região do Douro, em Portugal, que possui boa acidez e taninos suaves, ideal para cortes macios.
Fraldinha
Trata-se de uma peça pequena, de fibras longas, que apresenta sabor incrível quando bem preparada. Em tiras generosas grelhadas, vai bem com o tinto Santa Carolina Reserva Cabernet Sauvignon, vinho seco, de médio corpo, que apresenta aromas que lembram defumado devido ao estágio de 8 meses em barrica.
Costela
Carne delicada e riquíssima em gordura, a Costela exige atenção, dedicação e paciência durante o longo preparo, esforço altamente recompensado com a variedade de aromas, texturas e sabores que aparecem quando ela está pronta. Para dar conta de tanta untuosidade, vamos de Carlos Montes Tannat Crianza. Vinho uruguaio complexo e com taninos maduros que vão melhorar ainda mais o sabor do corte.
Cupim
Também muito rico em gordura, o cupim exige longo tempo de cozimento por conta da fibra muscular e alta quantidade de gordura. Para acompanhar, a dica é o vinho Alicante Bouschet Monsaraz, português elaborado no Alentejo, que passa 6 meses em barrica de carvalho e mostra-se amplo e intenso em boca.