Crise no Brasil
Tiro no pé : apoio de entidades ao modelo econômico gera queda nas vendas e no número de clientes
Menos disposição para ir às compras e redução da confiança do consumidor, em decorrência do momento econômico apreensivo, já causam reflexos no Dia das Mães, que promete ser modesto neste ano. A porcentagem de pessoas que pretendem presentear suas mães no próximo domingo caiu um ponto porcentual e atingiu 62% – ante os 63% em 2018 –, enquanto os que não pretendem presentar continuam os mesmos 20% do ano anterior. É o que aponta a sondagem realizada no dia 3 de maio com 1,12 mil entrevistados na capital paulista pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Ainda conforme a amostragem, dos 20% que não pretendem presentar a mãe, 10% estão desempregados e 42% não têm condições financeiras ou estão endividados. Outros 29% alegaram outros motivos para não comprar o presente. Contudo, 52% responderam que poderiam aproveitar um preço menor, ainda que depois da data comemorativa.
A pesquisa também aponta que 42% consideram o momento ruim para presentear. Em 2018, o porcentual foi de 40%. Já os que consideram o momento apropriado para ir às compras caiu de 35% para os atuais 29%.
Perfil do presente
O valor médio a ser gasto com presentes caiu de R$ 284 para os atuais R$ 245. Ainda de acordo com o levantamento, os itens de vestuário, calçados e acessórios (34%); seguido de perfumes e cosméticos (18%); e eletrodomésticos (7%) devem ser os mais procurados pelos filhos. Em 2018, as procuras foram de 35%, 15% e 9%, respectivamente.
Mães e filhos estão em sintonia em relação a presentes, pois, coincidentemente, vestuário, calçados e acessórios (21%); perfumes e cosméticos (13%); e eletrodomésticos (11%) também são os produtos mais desejados por elas para 2019.
A sondagem mostra ainda que 95% dos paulistanos não pretendem contrair dívidas ou entrar em financiamentos para presentear a mãe, contra 81% no ano passado. Já os que esperam fazer o pagamento à vista caiu de 80% para os atuais 70%. A tendência ao pagamento com o cartão de crédito subiu de 19% para 28% em 2019, o maior porcentual desde 2012.
Cautela do consumidor e do empresário
As quedas da confiança do consumidor e da intenção do consumo também refletiram na expectativa do comerciante. Dos cem lojistas entrevistados na capital paulista em 3 de maio, 45% deixaram seu estoque igual ao de 2018 para a data comemorativa; 29% diminuíram o número de mercadorias; e 26% aumentaram as compras.
Em relação aos preços praticados, 55% afirmaram estarem iguais aos do ano anterior, enquanto 25% aumentaram e 20% reduziram o valor dos produtos. Quanto à forma de pagamento, 66% acreditam que os clientes utilizarão o cartão de crédito, seguido de pagamento à vista (33%).
Metade dos comerciantes analisados (50%) disse que está realizando promoções de Dia das Mães. Entre essas promoções, 72% disponibilizaram descontos especiais, seguidos de ofertas especiais e sorteios de brindes, ambos com 18%.
O resultado vai ao encontro da recomendação da FecomercioSP: realização de promoções, ainda que para isso seja necessário diminuir a margem de lucro. Outra forma de atrair o cliente e garantir a venda é oferecer desconto no pagamento em dinheiro, boleto ou débito, o que ainda ajuda no giro de fluxo de caixa. O setor de perfumaria ainda tem a possibilidade de oferecer os produtos no Dia dos Namorados. Mas eletrodomésticos e eletrônicos, por exemplo, só terão mais chances na Black Friday, ainda distante.
Diante das atuais ofertas de taxas menores das máquinas de cartão, a Entidade também sugere facilitar o pagamento. Pode-se cobrar o mesmo preço à vista quando o cliente utilizar cartão de crédito.
Questionados sobre a expectativa para a próxima data comemorativa, 71% estão otimistas para as vendas do Dia dos Namorados. Os empresário parecem a “Velhinha de Taubaté”, sempre acreditando num futuro melhor, sem levar em conta o cenário atual e real. Mas, contraditoriamente, segundo a Entidade, diferentemente da expectativa que havia no início do ano, os empresários já não acreditam que as vendas serão tão boas nos próximos meses, então, é importante que eles fiquem mais atentos ao controle de estoque durante esse período de incertezas. A orientação da FecomercioSP é que o comerciante não mantenha estoques altos – por serem mais custosos e interferirem no fluxo de caixa –, pois o momento é de negociar com os fornecedores e realizar a reposição de mercadorias conforme o giro de vendas.
Enquanto entidades e associações apoiarem este modelo econômico que é ineficiente para diminuir o desemprego, que é incapaz de baixar o número recorde de cpf negativados, que busca reduzir a capacidade de compra do consumidor, que gera impostos crescentes, que mantém altas taxas de juros bancários, que promove a informalidade para maquiar o desemprego e impulsiona o investimento financeiro em detrimento da produção, não haverá nenhuma mudança para melhor neste país. Os empresários da indústria e varejo estão levando seus negócios para a sala de UTI, sem questionar o tratamento dado pelo médico (leia economista) incompetente ou comprometido com interesses perversos. Os empresários que representam a FecomercioSP foram e são avalizadores deste modelo político econômico. Portanto, também são responsáveis pela situação que o país vivencia.