Flash News Brasil : exportação de calçados + indústria teve o pior abril da década + agronegócio brasileiro e o Pós-Covid-19 na China
Exportação de Calçados Brasileiros
Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, em maio, foram embarcados 2,7 milhões de pares, que geraram US$ 23,9 milhões, quedas tanto em volume (-64,7%) quanto em receita (-66%) em relação ao mês correspondente de 2019. Com o resultado, no acumulado dos cinco primeiros meses de 2020, as exportações somaram 39,53 milhões de pares e US$ 294,9 milhões, quedas de 22,1% e 28,7%, respectivamente, ante igual período do ano passado.
Indústria registra, no mês de abril, o pior desempenho da década
O resultado da pesquisa Indicadores Industriais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do mês de abril é o retrato dos danos causados à indústria pela redução intensa e duradoura na demanda. Apenas em abril deste ano, a indústria relata perdas de 23,3% do faturamento, queda de 19,4% nas horas trabalhadas na produção e redução de 2,3% no número de empregados. Em março, os três índices já haviam registrado queda. Os dados de faturamento, horas trabalhadas e capacidade instalada ociosa tiveram quedas recordes e registram os menores níveis de toda a série histórica, iniciada em 2010. O emprego industrial foi o menor desde 2004. A queda do faturamento foi mais intensa e levou a uma redução ainda maior nas horas trabalhadas. O emprego industrial e a massa salarial também caíram em abril. “Para uma retomada consistente é preciso que o país volte à agenda das reformas com vistas à eliminação do custo Brasil, ou seja para o aumento da competitividade. A primeira da lista deve ser a reforma tributária”, acrescenta Renato da Fonseca.
Agronegócio brasileiro e o Pós-Covid-19 na China
Em um cenário de forte retração do PIB, com queda no primeiro trimestre de 2020 em 6,8% -a primeira contração em décadas-, a China começa a sair da fase aguda da crise provocada pela pandemia da Covid-19. Preocupado com uma segunda onda da doença, o governo chinês estabelece profunda reforma agrícola, com fortes investimentos em políticas públicas que priorizem o desenvolvimento agrícola nacional. O intuito é reduzir a vulnerabilidade externa do país asiático por alimentos básicos.
A China quer aumentar a segurança alimentar, diversificando seus canais de importação e suas estratégias de aquisição. Entre as estratégias, quatro delas prometem mudar a rota das importações chinesas e devem servir de alerta para o mercado brasileiro de commodities.
Os dados são do mais recente estudo da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Embrapa: “China pós- Covid- 19: um alerta ao agronegócio brasileiro”. O trabalho foi elaborado a partir de informações de agências internacionais de risco, como a Fitch Solutions Macro Research, pertencente à Agência de Risco Fitch Ratings e a Agência RaboResearch, Food& Agribusiness, departamento vinculado ao Rabobank, instituição líder em serviços de financiamento para alimentação e agronegócio.
Com o objetivo de mitigar possíveis interrupções de fornecimento de alimentos, em decorrência da crise gerada pela Covid-19, o governo chinês quer acelerar o ritmo da diversificação geográfica em relação à sua capacidade de fabricação e processamento de alimentos, evitando assim futuras interrupções de produção interna.
O país também quer retomar o megaprojeto de desenvolvimento da infraestrutura que liga 70 países da Ásia, Europa e África. O objetivo é promover o comércio com países e regiões ao longo das rotas dessa iniciativa, que incluem fornecedores importantes de grãos. O plano é conhecido como “One belt, One road”, ou mais popularmente como a “nova roda da seda chinesa”, e prevê uma série de investimentos, sobretudo nas áreas de transporte e infraestrutura, conectando regiões de extrema importância geopolítica.
O governo chinês também avalia formas de adotar medidas que resultem na diminuição de riscos de interrupções das remessas recebidas do exterior em decorrência da logística dos portos exportadores, como no caso do Brasil.
A quarta estratégia é o investimento em uma profunda reforma do setor agrícola, acelerando seu processo de modernização. Além do suporte à agricultura familiar, o país busca agora acelerar a execução do plano de longo prazo para modernizar a agricultura por meio de várias mudanças incluindo forte foco na inovação e planos ambiciosos de internacionalização com vistas a assegurar a segurança alimentar. O país tem 230 milhões de agricultores. Cada vez mais pequenos agricultores estão migrando para as cidades, porém, ainda é grande a quantidade de propriedades domésticas rurais, a maioria fora da sintonia com o desenvolvimento moderno.
Dependência internacional por alimentos – A China ainda continuará sendo, nos próximos anos, o maior mercado de destino das exportações mundiais, entre elas as de grãos – como as commodities de soja e milho-, e de proteínas, especialmente carnes suína e bovina. Em 2025, a China deverá ter uma população de 1,438 bilhão, concentrada principalmente na área urbana (65,4%) e não terá condições de suprir o mercado interno de alimentos. O país asiático vivencia um retrocesso na produção agrícola em algumas regiões devido à poluição ambiental e restrições de uso da terra, bem como o surto da Peste Suína Asiática (PSA), que tem provocado o declínio econômico de milhares de pequenos produtores, além da disputa comercial EUA-China.
Logística dos portos – O Brasil envia à China a maior parte da soja, milho e algodão pelo porto de Santos. A logística dos portos brasileiros é vista como um elo fraco da cadeia de suprimentos que canaliza as exportações de grãos, carne, açúcar e outros produtos agrícolas do país para o resto do mundo. O risco de interrupção das remessas ao exterior devido a problemas de isolamento social e logísticos de transportes e armazenamento nos terminais e de disponibilidade de mão de obra, como resultado da pandemia da Covid-19, preocupa a China.
Brasil precisa ficar atento aos riscos e oportunidades – O consumo da soja por chineses deve crescer em 3,3%. O país exportou 16,3 milhões de toneladas, em abril de 2020, 73% a mais do que no mesmo período de 2019. No entanto, a commodity, devido ao acordo EUA-China, deverá aumentar o volume de importação dos Estados Unidos, fechando 2020 com 90 milhões de toneladas adquiridas dos americanos, 10 por cento a mais do que em 2019. Em relação ao milho e trigo, o governo chinês declarou que não haverá alterações no atual sistema de cotas de importação. Mas estima-se que a China incremente consideravelmente as aquisições de milho e trigo dos EUA, em detrimento de outros parceiros internacionais como Ucrânia (milho), Canadá e Austrália (trigo), como forma de cumprimento da primeira fase do acordo EUA-China.