Carne de onça, delicioso e polêmico prato típico curitibano

Carne de onça, delicioso e polêmico prato típico curitibano

Carne de onça

Visitar Curitiba e não provar a tradicional Carne de Onça é como ir à Salvador e não provar acarajé. Servido em muitos bares e restaurantes da capital paranaense, o prato típico curitibano e patrimônio cultural da cidade, remete a uma história interessante e polêmica: a origem do prato e a procedência da carne.

A receita, originária da Europa e Oriente Médio, é feita com carne magra bovina e não felina, como o nome sugere. A preferência é pela ausência de nervos e gordura, já que a carne é servida moída, crua e sem tempero sobre fatia de broa preta. Aí é que vêm a pimenta do reino, sal, azeite de oliva extra virgem, cebolinha e cebola branca cortada bem fininha, mais sal, azeite de oliva e pimenta do reino.

Fabio Juchen editor do site sortimentos.com
Fabio Juchen editor do site sortimentos.com

Assim este delicioso prato, harmonizado com cerveja artesanal ou especial, entra nas preferências gastronômicas de Fábio Juchen, editor dos sites sortimentos.com, em suas idas à Capital paranaense. A carne de onça, também está no roteiro gastronômico nas viagens à São Paulo. Na capital paulista, há um local específico, o charmoso Bar da Dona Onça, tradicional restaurante de comidas variadas e bar no edifício Copan.

De onça mesmo?
A polêmica em torno do nome da Carne de Onça é comum e antiga. Mesmo que os brasileiros não tenham o costume de consumir carne de felinos, usar a onça-pintada como ingrediente seria no mínimo difícil, por um motivo simples e trágico: no Brasil, a onça-pintada (Panthera onca) está ameaçada de extinção, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O felino é o maior das Américas e um ícone da natureza brasileira, mas sofre com a redução de áreas naturais protegidas e historicamente com a caça.

De acordo com o biólogo do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Roberto Fusco Costa, a onça-pintada tem uma função importante para o meio ambiente: ela atua como um indicador de qualidade ambiental. “A onça-pintada é um predador de topo na cadeia alimentar e por isso precisa de grandes áreas preservadas que mantenham suas presas naturais e tenham suprimento de água abundante para sobreviver”, explica ele.

Segundo um estudo desenvolvido em 2014 pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos e Carnívoros (Cenap), existem cerca de 250 onças-pintadas na Mata Atlântica atualmente. Ou seja, a espécie sofreu redução de 80% nos últimos 15 anos.

Para Fusco Costa, uma das maneiras de ajudar esses felinos é investir na implementação de áreas naturais protegidas existentes. “Ao conservar o habitat natural de grandes predadores como a onça-pintada, por exemplo, nós protegemos todas as espécies que vivem ali e são peças fundamentais para o equilíbrio desse ecossistema”, concluiu.

Origem
Conforme Helio Wirbiski, autor do projeto de lei que transformou a Carne de Onça em patrimônio cultural de Curitiba, o prato teria surgido na cidade na década de 1940 no bar ‘Toca do Tatu’. A versão brasileira foi inspirada em pratos tradicionais no velho continente e Oriente Médio: o alemão Hackepeter, feito com carne suína, o francês Steak Tartare e o Quibe e a Kafta Crus do Líbano e Síria (todos feitos com carne bovina, em geral).

Bafo de onça
No Brasil, a Carne de Onça ganha esse nome devido ao “bafo” de quem come a iguaria, mas a polêmica é grande. De acordo com Jorge Tonatto, sócio do tradicional Bar do Alemão, em Curitiba, é comum o questionamento a respeito da carne usada no preparo. “Muitas pessoas nos questionam se usamos carne de onça realmente. Outras ficam indignadas quando ouvem falar do prato que usaria o felino, mas sempre esclarecemos e convidamos todos a provar”, comenta.

Receita

Ingredientes

– 1 Kg de carne moída de 1ª (alcatra ou patinho, sem nervo, gordura ou sebo e passada 2 vezes no moedor de carne)
– 1 maço de cebolinha verde cortado bem miúdo
– 1 cabeça de cebola picada bem miúda
– 1 gema de ovo
– 1/2 copo de azeite de oliva
– sal e pimenta-do-reino a gosto
– maionese
– mostarda
– 1 broa de centeio fatiada

Modo de preparar
Passe uma camada fina de maionese sobre a broa. Coloque cerca de 150 g de carne crua sobre o pão, sem apertar. Adicione o sal e pimenta-do-reino. Coloque a gema de ovo sobre a carne e cubra com a cebola e a cebolinha picadas e mostarda a gosto. Adicione mais sal e pimenta e regue com azeite de oliva. Bom apetite!