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Federarroz destaca demanda por exportações e menor produção para a próxima temporada
O incremento das exportações de arroz, especialmente para países do continente africano, poderão representar o retorno da rentabilidade aos produtores que vêm sofrendo com constante revés nos últimos anos. Na avaliação da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), consultas de fornecimento de arroz em casca estão crescendo, em função da baixa qualidade do produto vendido por outros players do mercado.
Conforme o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, a expectativa de redução de área no Rio Grande do Sul, chegando próximo de um milhão de hectares, vem sendo confirmada pelos institutos de pesquisa, o que significa uma redução de 70 mil hectares em relação ao período passado. “O Brasil deverá colher menos de 11 milhões de toneladas como um todo. Todos os Estados estão diminuindo suas produções. O Rio Grande do Sul foi o que teve mais resiliência a diminuir a sua área e agora por questão de rentabilidade acabou cedendo no plantio”, destaca.
Dornelles reforça que o fato é positivo para o mercado, pois serão produzidas 500 mil toneladas a menos somente no Rio Grande do Sul, o que significa, em números, meia safra do Paraguai. O Mercosul, excetuando-se Brasil, vai produzir 200 mil toneladas a menos. Assim, todo o bloco deverá produzir 1 milhão de toneladas a menos, o que deverá resultar no fortalecimento dos preços.
Sobre exportações, o Brasil deverá embarcar no atual período comercial cerca de 1,5 milhão de toneladas, superando a expectativa inicial de 1,2 milhão. Já a importações não deverão chegar a 1 milhão de toneladas. Considerando esses números, o estoque de passagem em 28 de fevereiro deverá ser ajustado para menos de 500 mil toneladas. “O menor estoque de passagem dos últimos dez anos”, projeta o dirigente.
Para o presidente da Federarroz, outro ponto positivo foi a reversão da expectativa de dólar enfraquecido. Observa que as variáveis do dólar no mundo mudaram e existe uma expectativa que gire em torno de R$ 3,80 a R$ 3,90, o que é positivo para as exportações de arroz no Brasil. Considerando este cenário, o dirigente informa que a Federarroz tem sido consultada em várias partes do mundo, desde o continente africano até a América Central, para exportar arroz. “Isto mostra uma demanda aquecida em busca de arroz e acreditamos que apesar da expectativa de preços mais altos no ano que vem, deveremos ter bons números de exportação. Talvez não chegaremos a 1,5 milhão mas vamos ultrapassar fácil um milhão de toneladas”, afirma.
A redução de área de arroz, de acordo com Dornelles, também está ligada ao crescimento do plantio de soja na várzea, mostrando a diversificação defendida pela Federarroz. Cita que, em Dom Pedrito, por exemplo, a oleaginosa ultrapassou os 100 mil hectares e o cereal tem diminuído bastante. “Temos regiões em que a soja dobrou sua área e o arroz diminuiu em 20%. Os produtores que têm utilizado alta tecnologia tem encontrado uma resposta significativa, com produtividades acima da média, mostrando que a soja na várzea ou em terras arrozeiras possuem excelente potencial. Entretanto, existem casos pontuais que o plantio não tem entrado com força pelo fato das áreas não serem adequadas e ou as tecnologias utilizadas não serem as corretas”, analisa.
Como ponto negativo, Dornelles destaca a alta dos custos de insumos como algo que veio para perdurar em curto espaço de tempo no momento que existe uma expectativa de um dólar mais valorizado somado às cotações em dólar dos fertilizantes e defensivos. Em relação à safra implantada, o presidente da Federarroz avalia que o plantio foi executado na sua grande plenitude no período ideal, mas algumas lavouras que ficaram para trás estão atrasadas e com riscos de não terem os tratos culturais adequados, visto a dificuldade de aquisição especialmente de uréia. “Há um certo estresse para executar a segunda aplicação de ureia e os produtores com mais dificuldades financeiras terão problemas para executar este trato cultural com nitrogenados. Sabendo que o arroz é extremamente dependente ao nitrogênio e radiação solar deveremos ter um impacto negativo na produtividade em contraponto do plantio na maior parte no período ideal”, complementa.
Outro ponto negativo, para Dornelles, são as ocorrências de frio e baixa umidade relativa do ar que deixam produtores apreensivos, especialmente orizicultores que plantaram no cedo, principalmente na Fronteira Oeste. Entretanto, o relevante, é que não deveremos ter clima tão favorável como último período. Finalizando, a Federarroz segue recomendando a redução de área, especialmente aquelas de potencial abaixo de oito mil quilos por hectare.